sábado, 28 de junho de 2014

Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais - Pitombas sabor de infância!


A DOR QUE DÓI MAIS

"... Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais..."


Martha Medeiros

Por isso, de manhã cedinho tratei de ir ao mercado de Bananeiras em busca de um sabor de infância....Ops! pitombas! Hummm!  Abaixo, segue a poesia na íntegra!
Pitombas adquiridas na feira de Bananeiras - PB

Comendo pitombas no quintal do Bistrô  e Café Terraço Lisboa

 A DOR QUE DÓI MAIS

"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.


Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Doem essas saudades todas. 


Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."


Martha Medeiros

4 comentários:

  1. Eitaaa! Quando se ama até dividir um frango de padaria é bom!

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  2. Vera! Amei a sua publicação a respeito do Terraço Lisboa nesta cidade pequena, porém linda e acolhedora. Será com certeza a minha próxima parada neste período de julho. A minha amiga e responsável deste ambiente, e verdadeira empreendedora todo sucesso do mundo. Grande beijo! Fafá Costa

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    1. Oh Fátima, que bom que gostou! Fico feliz em valorizarmos sempre o que é nosso, nossa regionalidade nos causa orgulho. À Chef e empresária Neide Lisboa toda a minha admiração, empresária competente, de visão e de sucesso, se assim não fosse, não seria agraciada com vários títulos concedidos pelo SEBRAE e outras empresa qualificadoras do ramo. Além disso, o resultado do seu trabalho é sentido na casa cheia todos os dias. Abraços e vamos comer pitombas com todo saudosismo!

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  3. Nunca vi nem comi, eu só ouço falar... traz pra mim?!

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